Sobre ASAE

A polemica nao e de agora, mas li isto num blog e tive vontade de escrever sobre o assunto:

Se eu quiser ir a uma tasca e comer uma alheira com oléo que já foi usado mais dez vezes do que esta gente acha ser indicado, porque é que não hei de poder ir? Ou bolas de berlim que estiveram ao sol tempo de mais? O que é que esta malta tem a ver com isso? Vem mal ao mundo? Prejudico alguém? Cada um escolhe. Para quem este tipo de coisas é muito grave, é simples: Não compram.

Nao percebo esta atitude de ser contra a ASAE. No fundo o que faz confusao a muita gente e ver uma entidade que efectivamente verifica e fiscaliza o cumprimento da lei. E num pais onde as mesmas sao muitas vezes papel escrito, uma mudanca de mentalidades demora tempo a entrar.

Se alguem quer comer uma alheira frita num oleo que ja foi usado previamente dez vezes ou se quiserem comer uma bola de berlim que esteve ao sol tempo a mais, sem problema. Ate percebo alguns dos comentarios inflamados ao facto de terem pedido ao senhor que vende bolos na praia que use um saco geleira e uma pinca. E que comer um bolo sem este ter passado por maos suadas e gastas de mexer em dinheiro, nao e a mesma coisa. Do ponto de vista economico tambem representa um esforco enorme para o comerciante. Ao que parece, depois da noticia, o preco de mercado destes utensilios subiu para cerca de 5 euros cada um. Mas se mesmo assim nao conseguem viver sem este toque, comprem a bola e ponham-na ao sol umas horas e da proxima vez que forem a tasca pecam ao Sr. Vitor que vos frite a alheira no oleo mais preto que por la tiver.

Como consumidor medio, eu quero ter a certeza que aquilo que consumo esta dentro de um padrao minimo de higiene (Como nao sou adivinho, se algum produto nao tiver rotulo por exemplo, nao consigo chegar a conclusao se esta ou nao dentro do prazo de validade). E como diz o Ze, na sua resposta a este comentario « ...muitos ha – arrisco a dizer inclusive a maioria da populacao – que nao conseguem (distinguir entre aceitavel e improprio para consumo) e e por isso que existe a ASAE, nao e para te chatear, mas para salvaguardar que um dia alguem nao vai parar ao hospital com uma infeccao grave. » Lembro-me de que quando classificaram a agua de algumas praias da Foz do Douro como perigosa para a saude publica, uma banhista disse em entrevista ao telejornal que « Nao havia mal nenhum pois que quando chegasse a casa tomava um duche ». O sistema de saude ja consome o dinheiro que consome e nos ainda temos de contribuir para a conta de hospital destes imbecis?

Como portugueses gostamos muito de fazer o que nos da na real gana. E tique nacional (cheira-me que o 25 de Abril deveria ter sido pro-anarca e andava tudo feliz) e eu, mea culpa, tambem nao fujo a regra. Mas ja e tempo de saber que para se viver em sociedade com relativa qualidade de vida e preciso abdicar de algumas (pequenas) liberdades. Nao e necessario nenhum pensamento juridico complexo para perceber tao simples merda (desculpa o termo mas e mesmo). E obrigar os vendedores de peixe ou os restaurantes a nao passarem o pescado da semana anterior por fresco ou nao deixa-los por na mesa mostarda com prazo de validade de 2006 parece-me um pequeno esforco comparado com os resultados que tais restricoes possam impor aos meus direitos pessoais.