Friday 6 July 2007

O vazio do fim


Há dias pensei nos últimos 8 meses de Erasmus que passei aqui na Polónia e perguntei-me porque é que tudo o que é bom passa e acaba depressa. Pensamento vulgar na cabeça de todos que vivem momentos que marcam a nossa existência e nos trouxeram felicidade.

Tentei explicar tal a mim mesmo sem conseguir chegar a uma conclusão. Sinto este período a chegar ao fim e tento esconder-me da tristeza que é abandonar um lugar onde fomos felizes. Por vezes consigo ir parar a algum lugar mais ameno, outras o vazio que se vai criando no estômago ajuda a apertar o nó na garganta e o sangue corre mais espesso nas veias e doi. Todos se alimentam sem cessar pela falta das pessoas com que partilhei a minha querida Varsóvia. Não se afigura facil voltar à realidade. Cada vez que fecho os olhos fico com vertigens, o corpo treme e as caras de todos viajam na minha cabeça distorcidas pela velocidade. O barulho ensurdecedor dos seus sorrisos mistura-se explodindo num som infernal que ecoa pela cabeça.

A cidade parece-me agora vazia. Vejo os lugares e associo-os imediatamente a cada um daqueles que marcou a minha aventura por terras Polacas. Aquilo que fizemos, que dissemos, que prometemos daria material suficiente para escrever uma enciclopédia de momentos fortuitos.

Parece este sofrimento digno de um Petrarca que eternaliza o seu amor platónico sabendo-o impossível de viver. Tal não deveria ser para tanto e ás vezes envergonho-me da minha própria maneira de viver o fim, como se fim fosse uma tragédia. Sensibilidade é uma coisa, falta de inteligência é outra.
Olhar com tristeza e não com a alegria devida para o meu Erasmus é encostar a felicidade ao passado e deixar sem glória um ano fantástico.

Por agora já que ainda não o consegui, fico com as suas caras, as mesmas que me preenchem a memória.

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