Tuesday 19 February 2008

Tropa de Elite


Destinado a ser polemico, Tropa de Elite venceu no passado domingo o Urso de Berlim para melhor filme do ano.
Apelidado de extrema-direita e criador de Rambos por alguns criticos, Tropa de Elite retrata a historia do Capitao Nascimento, comandante de um esquadrão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da policia do Rio de Janeiro, que quer deixar o posto, pois está prestes a ser pai. Mas antes precisa de encontrar um substituto à altura, tarefa que se afigura quase impossivel. Porem, uma rixa numa favela poe no seu caminho dois aspirantes: Neto e Matias, amigos de infância que partilham da mesma indignação com a corrupcao que encontram na policia convencional.
MAS ESTAMOS MESMO PERANTE UM FILME FASCISTA?
O BOPE, e retratado como o ultimo reduto deixado aos policias incorruptiveis, que veem o dever acima de tudo. Extremamente bem preparados para a guerrilha urbana representam o contra-poder (o unico) aos traficantes, donos e senhores das favelas que diariamente aumentam o seu arsenal militar e ameacam uma cidade inteira. Sao o anjo exterminador, implacavel com todos os que estejam ligados ao negocio da droga, nao olhando a meios para atingir os seus fins: Tortura e execucoes sumarias estao sempre na ordem do dia, metodos muito semelhantes aos utilizados pelos senhores da droga.
Mas atribuir a Tropa de Elite conotacoes politicas ou ideologicas, e distorcer a mensagem que quer passar. Mais do que um dos melhores filmes de accao que vi nos ultimos tempos, e antes uma demonstracao de como um sistema policial minado pela corrupcao se torna totalmente ineficaz, reduzindo as leis a papel escrito. No seu lugar encontramos um complexo e intrincado jogo de poder onde criminosos e policias vivem num clima de tensao constante mantido pelo recurso a lei do dinheiro. Como diz o capitao Nascimento, personagem principal do filme: O sistema trabalha para resolver os problemas do sistema, nao os da sociedade.
Mais do que tudo, nao sao as practicas do BOPE, em particular, que sao preocupantes mas sim o facto de ser necessario ter uma forca de intervencao, que se rege pelas mesmas regras dos criminosos, de forma a por travao nos mesmos. Alarmante e, quando se torna imprescindivel que a mesma exista de forma a apaziguar o caos e a escalada de violencia, devido a inercia do sistema (que devia ser) democratico. Perturbador e que de forma a manter um nivel aceitavel de seguranca, tenha de ser recorrer a praticas desumanas e degradantes. E quando os cidadaos chegam a conclusao de que se nao forem estes gajos a subir o morro e a meter balas nos traficantes estamos tramados!, pergunto-me quanto tempo mais podera este equilibrio precario durar. E com que custos?

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